Projeto da Folhito de transformar resíduos orgânicos em biogás e fertilizantes está em fase de testes. Falta de prazo para solucionar problema, porém, desagradou moradores
Apesar da garantia dada pelos empresários de que o mau cheiro da unidade da Folhito vai reduzir até ficar quase imperceptível, isso não foi suficiente para acalmar os ânimos de parte dos moradores de Delfina, Arroio do Ouro e Santa Rita.
Quase 50 pessoas acompanharam ontem a audiência pública na câmara de vereadores. O encontro foi chamado pela mesa diretora do Legislativo, com o intuito de apresentar a atividade do empreendimento e os movimentos que estão sendo feitos para reduzir os impactos no ar.
A preocupação das comunidades próximas é quanto à poluição do solo, da água, mas principalmente o mau cheiro. De acordo com os participantes, o odor é mais forte em alguns dias e horários.
Organizadores do grupo de moradores pretendem fazer uma nova reunião entre os vizinhos para definir os próximos movimentos. “Queremos uma solução o quanto antes. Não vamos esperar até setembro, quando ocorre a inauguração.”
O proprietário e fundador da Folhito, Ito Lanius, afirma que o problema será resolvido o quanto antes. Mas evitou dar um prazo. “Não posso estipular uma data. Mas estamos trabalhando 24 horas por dia para adaptar a planta.”
Outro diretor da empresa, Fernando Lanius, acredita que entre 30 a 60 dias será possível resolver a questão. Essa previsão desagradou os presentes. “Queremos saber como vai ser amanhã. Ontem (quarta-feira) não conseguimos dormir por causa do cheiro”, conta a professora Liane Staudt.
“Meu filho chega a ter dificuldade para respirar. Nossa reclamação é quanto ao odor. O projeto é fantástico, usar energia renovável, mas a questão agora é resolver isso, pois não aguentamos mais o cheiro.”
A audiência teve participação de vereadores, secretários municipais, da equipe da empresa e da deputada estadual Zila Breitenbach. A parlamentar é a autora do projeto que virou lei e institui a Política Estadual do Biogás e do Biometano.
Ela havia agendado uma visita a unidade da Folhito em Estrela. “Eu não estava sabendo desse problema. Os empresários me falaram da audiência e ver essa manifestação da comunidade serve para buscarmos uma solução, que tenho certeza de que vai chegar logo.”
Para o presidente do Legislativo, o vereador João Braun, a audiência foi positiva, pois abriu espaço para as pessoas se manifestarem diretamente para a empresa. Segundo ele, o Legislativo continuará acompanhando o caso.
Relembre o caso
O projeto é pioneiro no país e estipula um sistema de produção que usa compostagem e biodigestores. A Licença de Operação (LO) emitida pela Fepam data de outubro. A empresa está em fase de testes e adaptações do local, que terá capacidade de produzir cerca de 80 mil toneladas por ano de adubo a partir de resíduos industriais e agropastoris orgânicos, além de 18 mil metros cúbicos de biogás por dia.
Entre dezembro e janeiro, houve problemas na fábrica de Lajeado devido a um vendaval e cargas de resíduos foram levados para o complexo em construção.
Foi justo neste período onde houve os piores problemas em relação ao cheiro. A fábrica fica em frente da Unidade de Tratamento de Lixo e desde a chegada das primeiras cargas, provocou desconforto.
Moradores de Arroio do Ouro, Santa Rita e Delfina, junto com vereadores das localidades, se reuniram com os empreendedores para buscar uma solução para o mau cheiro.
Saiba mais
O complexo será pioneiro no país na produção de biogás. O composto de metano (CH4) e gás carbônico (CO2) é um recurso energético renovável, coletado pelo tratamento de rejeitos orgânicos. Desse sistema, também são produzidos fertilizantes.
O insumo usado na agricultura é vendido para diversas regiões gaúchas e em estados do sul. Já o gás gerado pela biodigestão será reaproveitado como fonte de energia. No futuro, também poderá ser vendido para outras organizações.
O investimento na unidade supera os R$ 25 milhões. São recursos da empresa, além de uma parcela financiada pelo Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE) em repasses da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), que oferece subsídios para iniciativas sustentáveis.
Fonte: https://grupoahora.net.br/
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